Terminado ontem
5*.
Não daquelas 5* que como não podemos dar mais "só" damos esta avaliação, mas ainda assim, um excelente livro. Também porque face a outros não podia só dar menos.
Ora então: pazes feitas com o Javier Marias, porque tinha lido o "Enamoramentos" e apesar de reconhecer a qualidade, tinha achado o livro um pouco chato.
Desse livro para este, o que mudou foi que me adaptei ao estilo do escritor, à prosa reflexiva dele, cheia de parêntesis e aspas a indicar os pensamentos e questionamentos das personagens.
O livro inicia-se assim:
"Durante algum tempo não teve a certeza se o seu marido era seu marido, de maneira semelhante àquela quando estamos meio a dormir meio acordados e não sabemos se estamos a pensar ou a sonhar, se ainda somos senhores da nossa mente ou a perdemos por esgotamento. Às vezes acreditava que sim, às vezes acreditava que não, e às vezes decidia não acreditar em nada e continuar a viver a sua vida com ele, ou com aquele homem semelhante a ele, mais velho do que ele. Mas também ela crescera por sua própria conta, na ausência dele, era muito jovem quando se casou.”
Então, Berta Isla é a principal protagonista (feminina) e a história deste livro, é sobre ela e o marido Tomás Nevinson, que se conheceram bastante jovens e o facto - por causa da profissão dele - dela ter períodos (longos) em que o marido está fora, embora seja casado com ela. O livro vai girar em volta disto, não sabendo nem ela nem o leitor, exactamente o que faz ao certo Tomás. Sabe-se genericamente apenas. Mas o livro é muito mais do que isto. Não só porque tem várias referências literárias - os próprios personagens o fazem -, assim como faz pensar sobre algumas coisas.
As referências literárias sao várias. As principais a William Shakespeare, T.S.Elliot, Dickens, Balzac, tendo outras mais passageiras, como Moby Dick, Ulisses.
Este livro contou para o projecto #enabrileemosenespanol da @anacarlalopes10 , mas não é uma escrita que agrade a todos os leitores. Sabemos isso dada a natureza da escrita de Javier Marias. Eu dei por mim a ir buscar a minha capacidade de raciocínio, que "adquiri" quando me licenciei em Matemática - embora tenha feito uma pausa voluntária-, mas dei por mim a conseguir encarreirar de seguida a escrita de Jaier Marias e a não a fazer muitas pausas do género "Mas o que é que ele estava a contar", como tinha feito no "Enamoramentos". Claro que isto sou eu. ️
Recomendo o livro, mas não a todos os leitores. A escrita é reflexiva, acho que tem muito de existencialista e por isso, também dependendo dos gostos, mas há leitores que gostam de fazer leituras mais fluidas, mais terra a terra, mais fáceis.
Bom, isto dá assunto para uma discussão bem interessante.
5*.
Não daquelas 5* que como não podemos dar mais "só" damos esta avaliação, mas ainda assim, um excelente livro. Também porque face a outros não podia só dar menos.
Ora então: pazes feitas com o Javier Marias, porque tinha lido o "Enamoramentos" e apesar de reconhecer a qualidade, tinha achado o livro um pouco chato.
Desse livro para este, o que mudou foi que me adaptei ao estilo do escritor, à prosa reflexiva dele, cheia de parêntesis e aspas a indicar os pensamentos e questionamentos das personagens.
O livro inicia-se assim:
"Durante algum tempo não teve a certeza se o seu marido era seu marido, de maneira semelhante àquela quando estamos meio a dormir meio acordados e não sabemos se estamos a pensar ou a sonhar, se ainda somos senhores da nossa mente ou a perdemos por esgotamento. Às vezes acreditava que sim, às vezes acreditava que não, e às vezes decidia não acreditar em nada e continuar a viver a sua vida com ele, ou com aquele homem semelhante a ele, mais velho do que ele. Mas também ela crescera por sua própria conta, na ausência dele, era muito jovem quando se casou.”
Então, Berta Isla é a principal protagonista (feminina) e a história deste livro, é sobre ela e o marido Tomás Nevinson, que se conheceram bastante jovens e o facto - por causa da profissão dele - dela ter períodos (longos) em que o marido está fora, embora seja casado com ela. O livro vai girar em volta disto, não sabendo nem ela nem o leitor, exactamente o que faz ao certo Tomás. Sabe-se genericamente apenas. Mas o livro é muito mais do que isto. Não só porque tem várias referências literárias - os próprios personagens o fazem -, assim como faz pensar sobre algumas coisas.
As referências literárias sao várias. As principais a William Shakespeare, T.S.Elliot, Dickens, Balzac, tendo outras mais passageiras, como Moby Dick, Ulisses.
Este livro contou para o projecto #enabrileemosenespanol da @anacarlalopes10 , mas não é uma escrita que agrade a todos os leitores. Sabemos isso dada a natureza da escrita de Javier Marias. Eu dei por mim a ir buscar a minha capacidade de raciocínio, que "adquiri" quando me licenciei em Matemática - embora tenha feito uma pausa voluntária-, mas dei por mim a conseguir encarreirar de seguida a escrita de Jaier Marias e a não a fazer muitas pausas do género "Mas o que é que ele estava a contar", como tinha feito no "Enamoramentos". Claro que isto sou eu. ️
Recomendo o livro, mas não a todos os leitores. A escrita é reflexiva, acho que tem muito de existencialista e por isso, também dependendo dos gostos, mas há leitores que gostam de fazer leituras mais fluidas, mais terra a terra, mais fáceis.
Bom, isto dá assunto para uma discussão bem interessante.
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